Os pólos magnéticos podem não voltar a inverter-se nas próximas décadas, alertam cientistas.
A última vez que o Sol adormeceu, durante 70 anos, a Europa viveu dos Invernos mais rigorosos de que há registo, o rio Tamisa gelou ao ponto de servir de rinque de patinagem para os londrinos e algumas aldeias dos Alpes foram engolidas por glaciares. Especialistas em física solar alertaram esta semana que a realidade poderá não ser muito diferente dentro de dez anos: o ciclo solar, que a cada 11 anos dita a inversão dos pólos magnéticos da estrela, poderá não voltar a repetir-se nas próximas décadas. E ninguém sabe o que esperar.
A teoria de uma nova hibernação do Sol, depois da última registada no século XVII, foi reforçada num encontro da Sociedade Americana de Astronomia, no México, que reuniu mais de 300 especialistas. Investigadores dos EUA apresentaram três estudos com o mesmo veredicto: o próximo ciclo solar poderá ser adiado de dois a dez anos ou não acontecer de todo. Um dos argumentos é o facto de as manchas solares (indicadoras do aumento da actividade magnética do Sol) serem menos intensas e mais ténues do que seria de esperar quando se aproxima o próximo pico - previsto para 2013. Outra equipa sugere que não há indícios das correntes de ar que sugerem o início de um novo ciclo, que ditaria nova inversão dos pólos em 2024.
"Isto é altamente atípico e inesperado. Mas três análises do Sol apontarem na mesma direcção é um indicador poderoso de que o ciclo solar pode estar a entrar em hibernação", disse Frank Hill, co-autor dos estudos, na apresentação na cidade de Las Cruces. Se a inversão dos pólos não acontecer, como se verificou na chamada Pequena Idade do Gelo, os investigadores dizem que se abre um enorme dilema na teoria. "Ninguém sabe o que fará o Sol nesse caso", comentou outro investigador, Richard Altrock. A concentração de gases de estufa na atmosfera, muito maior nos dias de hoje, poderá aliviar um previsível arrefecimento, mas nem isso é certo. "Este pode ser o último máximo solar a que assistimos em décadas. Se assim for, tudo pode ser afectado, da exploração espacial ao clima terrestre", resumiu Hill em comunicado.
Fonte: i, junho 2011
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